Linho
Composição Química
- Celulose: 92%
- Hemi Celulose: 2%
- Lignina: 4%
- Outros: 2%.
Sistema de polímero de linho
O polímero de linho quimicamente é
composto de celulose. O grau de polimerização é de cerca de 18.000, o que
significa que o polímero de linho é composto por cerca de 18.000 unidades de
celobiose. O polímero tem cerca de 18000 nm de comprimento e cerca de 0,8 nm de
espessura, o que o torna o polímero têxtil linear mais longo conhecido. Essas
espirais em torno umas das outras em aproximadamente seis graus em relação ao
eixo da fibra, contribuindo assim para a tenacidade e durabilidade da fibra. A
maior cristalinidade das fibras de linho é demonstrada pelo fato de serem mais
fortes, mais nítidas e mais rígidas no manuseio (CAMPOS, 2009).
Fórmula
estrutural do polímero da celulose
Figura 1: Estrutura da Hemi Celulose (Celobiose) (CAMPOS, 2009).
2.2.2
Classificação do Linho
Linho de fibras: ( linho para debulhar), para a obtenção de fibras têxteis
Da semente: para a obtenção de óleo de linhaça;
Linho
de cruzamento: conseguido
pelo cruzamento do linho de fibras com óleo foi desenvolvido para dar um rendimento suficiente de fibras e óleo.
Formação da Celulose na parede celular
De acordo com estudos há modelos
que indicam que a celulose é sintetizada em múltiplas unidades (seis), na membrana plasmática por um grande
complexo ligado à membrana conhecido como complexo celulose sintase (CSC) ou
complexo roseta, localizado na membrana plasmática onde cada unidade
polimeriza, secreta, alinha e possivelmente cristaliza as cadeias (seis)
celulósicas em fibrilas.
Fig.2 Complexo Enzimático Roseta (KUASNEA, 2008).
Celulose recém formada se associa a
matriz de glucanas (hemiceluloses e pectinas) que são sintetizadas por sua vez
no aparelho de Golgi e secretadas na parede celular por vesículas, idem.
O complexo expulsa até 36 cadeias
de celulose individuais que são unidas para formar a microfibrila de celulose.
Acredita-se que a microfibrila forma uma estrutura rígida de tal forma que a
energia do alongamento da cadeia de celulose empurra o CSC através do plano da
membrana plasmática
Fig 3. Associação da celulose á matriz de glucanas.
Reacção de Polimerização
Manufactura do
Linho
Ripagem
O xilema e o floema das plantas são agrupados
por iões de cálcio e uma proteína pegajosa chamada pectina, que deve ser
quebrada para separar as valiosas fibras liberianas da vasculatura da planta
para que possam ser processadas e transformadas em fio. Isso é obtido por meio
de um processo chamado Retting, (ALMEIDA, 2001).
Amaciamento
A maceração é um processo que
envolve o uso de umidade e micróbios para quebrar as ligações químicas
(pectina) que mantêm o caule do cânhamo unido, permitindo uma separação mais
fácil do bastão do núcleo lenhoso (o hurd ou faca). A maceração com água é a
prática mais amplamente utilizada e produz fibras da mais alta qualidade. É
melhor realizado em águas estagnadas ou de movimento lento, como lagos,
pântanos e riachos. Via de regra, quanto mais estagnada a fonte de água, mais
abundante é a fauna bacteriana e mais rápido o processo de maceração (CAMPOS, 2009).
Os feixes são mergulhados em água
com pelo menos 60 cm a 100 cm de profundidade. O processo de maceração é
concluído em 8 a 30 dias, dias, quando as cascas se separam facilmente do pau
ou madeira e as fibras estão prontas para extracção. A condensação do orvalho é
o método preferido em áreas onde as fontes de água são limitadas, mas que
desfrutam de altas temperaturas diurnas e fortes orvalhos noturnos. Os caules
de linho são espalhados uniformemente em um campo gramado, onde a combinação de
ar, sol e orvalho causa fermentação que dissolve grande parte do caule em 2-3
semanas (KUASNEA, 2008).
O linho também pode ser macerado
quimicamente, o que acelera o processo. É, no entanto, mais prejudicial ao meio
ambiente e às próprias fibras e, portanto, não é preferido.
Peneiragem
O tratamento do Linho é realizado
pelo processo denominado Peneiragem. A raspagem envolve raspar uma pequena faca
de madeira ao longo do comprimento das fibras conforme elas pendem
verticalmente, puxando os pedaços de madeira quebrados para longe da fibra. As
fibras liberianas separadas são em seguida bagunçadas ou penteadas em uma cama
de pregos que separa e dá brilho às fibras e remove as fibras mais curtas da
mistura. Essas fibras de estopa podem então ser fiadas em um fio grosso com o
qual produtos de linho de baixa qualidade são feitos (ALMEIDA, 2001).
Fiação
As fibras de linho separadas,
chamadas de stricks, são tradicionalmente fiadas à mão usando uma Roca. Uma
roca é simplesmente uma longa vara vertical que se conecta a uma roda giratória
da qual as fibras são penduradas. Isso ajuda a manter as fibras organizadas e
evita que se transformem em uma confusão emaranhada. A fiação envolve torcer
juntos os fios de fibra puxados para fora para formar fios e, em seguida,
enrolar o fio em uma bobina ou carretel (CAMPOS, 2009).
Tecelagem
O fio de linho é geralmente tecido
em folhas - um processo em que vários fios são entrelaçados horizontalmente e
verticalmente em um tear. Ocasionalmente, o fio de linho também é tricotado, ou
transformado em tecido, criando fileiras consecutivas de laçadas que se
entrelaçam. Em virtude dessas laçadas, os tecidos de malha têm um grau de
elasticidade inerente a eles e, como o fio de linho não tem elasticidade, é
muito difícil de tricotar e, portanto, é mais frequentemente tecido (KUASNEA,
2008).
Propriedades
físicas
Resistência à tracção: O linho é uma fibra forte. Tem uma tenacidade de 5,5 a 6,5 gm / den. A
resistência é maior do que a fibra de algodão (PITA, 2002).
Alongamento à ruptura:
O linho não se tenciona facilmente. Possui um alongamento na ruptura de 2,7 a
3,5%.
Cor: A cor da fibra de
linho é amarelada a cinza.
Comprimento: 18 a 30
polegadas de comprimento.
Lustre: É mais
brilhante que a fibra de algodão e é ligeiramente sedoso (PITA, 2002).
Recuperação elástica: a
fibra de linho não tem propriedades de recuperação elástica suficientes como a
fibra de algodão. A natureza inelástica do linho deve-se à sua grande estrutura
cristalina. Seus polímeros são travados na posição pelas ligações de hidrogénio
que são formadas entre os polímeros. Consequentemente, os polímeros não podem
ceder e resistir ao deslocamento. Este sistema de polímero cristalino confere
rigidez ao linho.
Gravidade específica: A
gravidade específica da fibra de linho é 1,50.
Recuperação de humidade
(MR%): A recuperação de humidade padrão é de 10 a 12%.
Resiliência: Muito
pobre.
Efeito do calor: O
linho tem uma excelente resistência à degradação pelo calor. É menos afectado
do que a fibra de algodão pelo calor. Não é termoplástico e queima sem derreter,
porém, no calor contínuo a 120º C, a fibra fica amarela, e no calor contínuo de
150 C ela decompõe-se.
Efeito da Luz Solar: A fibra de linho não é
afectada pela luz solar como outras fibras. Ele tem capacidade suficiente para
proteger a luz do sol.
Propriedades
químicas
Efeito dos ácidos
A fibra de linho é danificada por
ácidos altamente densificados, mas ácidos de baixa densidade não afectam se for
lavada imediatamente após a aplicação de ácidos. Os ácidos hidrolisam o
polímero de linho no átomo de oxigénio glicosídeo, que conecta as duas unidades
de glicose para formar a unidade de celobiose. Os ácidos minerais sendo mais
fortes do que os ácidos orgânicos irão hidrolisar o polímero de linho mais
rapidamente (KUASNEA, 2008).
Efeitos dos alcalis
O linho possui uma excelente
resistência aos alcalis. Não é afectado pelos alcalis fortes. Esta resistência
deve-se à falta de atracção entre os polímeros de linho e os alcalis (CAMPOS, 2009).
Efeitos dos agentes de branqueamento
O cloro frio e o agente de
branqueamento hipoclorado não afectam as propriedades da fibra de linho.
Efeito do Solvente Orgânico
A fibra do linho
possui alta resistência aos solventes orgânicos normais.
Efeito da luz solar e do clima
Os raios ultravioleta da luz solar
fornecem energia fotoquímica enquanto os raios infravermelhos fornecem energia
térmica essencial para degradar os polímeros do linho na pressão do oxigénio
atmosférico, humidade e poluentes do ar. A decomposição dos polímeros ocorre
por meio de diversas reacções de hidrólise. A degradação inicial é notada como
uma leve descoloração da fibra. O desbotamento de têxteis de linho colorido é
parcialmente devido à quebra das moléculas do corante no sistema de polímero da
fibra (PESSANHA, 2002).
Solidez da cor : O
linho é fácil de tingir e imprimir. As classes de corantes que podem ser
utilizadas para colorir o linho são os corantes azóicos, directos, reactivos,
de enxofre e de cuba. O sistema de polímero polar atrai facilmente qualquer
molécula de corante polar para o sistema polar. Portanto, as moléculas de
corante que podem ser dispersas em água serão absorvidas pelo sistema
polimérico do linho (PITA, 2002).
Efeito do Microorganismo
A fibra do linho é atacada por
fungos e bactérias. O mofo se alimenta do tecido de linho, apodrecendo e
enfraquecendo os materiais. Mofo e bactérias irão florescer no linho sob
condições de calor e humidade. Eles podem ser protegidos por impregnação com
certos tipos de produtos químicos. O neftenato de cobre é um dos produtos
químicos (PESSANHA, 2002)..
Efeitos de Insectos: A fibra de linho não é
atacada por larvas de traça ou besouros. Os peixes prateados comem celulose de
linho, especialmente se forem muitos amidos.
Efeito dos alvejantes
Os alvejantes mais comuns usados em
materiais têxteis de linho são o hipoclorito de sódio e o perborato de sódio.
São eles: alvejantes oxidantes e alvejantes por causa do oxigénio liberado
deles.
Testes de
combustão:
Chama um tanto amarela, rápida. O
pequeno resíduo de cinzas incandesce por pouco tempo, cheiro de papel queimado
Ligações presentes na fibra celulósica
Moléculas de celulose são
completamente lineares e tem forte tendência para formar ligações de hidrogénio
inter e intramoleculares. Feixes de moléculas de celulose se agregam na forma
de microfibrilas na qual regiões altamente ordenadas (cristalinas) que se
alternam com regiões menos ordenadas (amorfas) (CAMPOS, 2009), como pode-se observar
na estrutura abaixo:
As microfibrilas constroem fibrilas
e estas constroem as fibras celulósicas. Como consequência dessa estrutura
fibrosa a celulose possui alta resistência à tracção e é insolúvel na maioria
dos solventes, idem.
Vantagens do linho
As fibras de linho são muito fortes até três
vezes mais fortes do que o algodão - devido à sua estrutura
cristalina. Essa estrutura se transforma em um tecido de linho forte e
durável.
O linho também é extremamente sustentável e amigável ao meio ambiente porque os agricultores não precisam irrigar ou fertilizar o linho durante o processo de cultivo (ALMEIDA, 2001).
Diferentes tipos de linho e suas aplicações do Linho
Este tipo de linho é ornamentado e delicado, e é formado em um tear
jacquard para produzir um resultado final semelhante ao bordado. O linho
damasco não é projetado para o uso diário e é mais comum em itens decorativos
(KUASNEA, 2008)..
O linho tecido liso é
comumente usado para fazer toalhas de prato, toalhas de algodão e toalhas de
mão. Como é tecido relativamente frouxo, é altamente durável, mas não
sofre uma diminuição significativa na durabilidade (PITA,
2002).
Linho tecido frouxamente
O linho tecido frouxamente é altamente
absorvente, mas é o tipo de tecido de linho menos durável. É comumente
usado para fazer fraldas e absorventes higiênicos reutilizáveis.
Lençóis de linho
O vestuário de linho é geralmente feito
de lençóis de linho devido à sua superfície macia e sem texturas e à sua trama
fechada. Este tipo de linho geralmente tem uma contagem de fios mais alta
do que outras formas de tecido de linho (PESSANHA, 2002).
Misturas de linho
Quando misturado com outras fibras, as
características do linho são então transformadas para adquirir algumas
características da fibra de união (CAMPOS, 2009):
Linho / Rayon - Rayon misturado com linho cria um tecido substancialmente mais macio
com drapeado mais fluido e um brilho sutil do rayon (NELSON
& COX, 2004)
.Linho
/ Algodão - O algodão suaviza o linho, mas mantém a plenitude do linho e
reduz drasticamente as rugas, ao mesmo tempo que mantém uma aparência nítida.
Linho / poliéster - O poliéster ajuda o linho a lavar melhor, amassar
menos e reter a solidez da cor. Dependendo do tipo de tecido, o poliéster
geralmente suaviza a sensação do linho
também, mas de forma sintética (NELSON
& COX, 2004)
Sustentabilidade do Linho
De acordo com
FERREIRA (2006), citado por (CAMPOS, 2009), o linho é o tecido mais ecológico
que existe. Pesquisas internacionais comprovam que o mesmo é sete vezes mais
ecológico que o algodão. É necessário muito pouco fertilizante químico no cultivo
da planta do linho. Durante o processo de produção praticamente tudo é
utilizado, desde a palha que envolve a fibra (para serragem de cavalos) até a
semente (alimentação, cosméticos, tintas, etc.) O cultivo é renovável, não exaurindo as riquezas naturais da terra.
Conclusão
O linho é uma fibra celulósica
biogénese, assim seu polímero é a celulose, que por sua vez é constituído por uidade monoméricas chamadas celobiose.
São constituinte do linho os
seguintes: Celulose: 92%; Hemi Celulose: 2%; Lignina: 4%; Outros: 2%.
Quanto as
propriedades físicas pode- se dizer que o linho cru tem cor acastanhada e
depois do alvejamento ele fica branco, macio e lustrado (brilhoso). Sua
resistência elástica é de 6,4 N/tex, comparada com
As ligações presentes no polímero do linho são ligações por pontes de hidrogénio, convalentes.
4.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
ALMEIDA, L. G. Tecnologia de fibras, técnicas de fiação e
tecelagem, controle de qualidade. São Paulo, 2001.
2.
CAMPOS, Luis S.Entender
a Bioquimica. 5ed, Editora Escolar; Lisboa, 2009.
3.
KUASNEA, N. FIBRAS TÊXTEIS. Araranguá, 2008.
4.
NELSON, D.L; MICHAEL, COX, M.
Princípios de Bioquimica.4 ed., São Paulo, 2004
5.
PESSANHA. D. R. Tecnologia da Engomagem. Rio de Janeiro,
2000.
6.
PITA, P. Fibras Têxteis. Rio de Janeiro, 2002.
Elaborado por: Eusébio Francisco Guambe
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